TEXTO 1
No ano passado eu passeava num shopping de Curitiba com a minha mãe, quando gostei de uma blusa.
Entrei na loja.Vi o preço. Era caríssima. Mesmo assim quis experimentar.
Mas ninguém me atendia. As vendedoras me olhavam de cima para baixo.
Olhavam e faziam que não me via.Fiquei nervosa e fui embora. Disse a minha mãe o que tinha acontecido. Decidi então voltar. Entrei e contei ate dez. Todos continuavam a me ignorar. Ai explodi. "Será que tenho de abrir minha bolsa e mostrar o cartão de credito?" Virei as costas e sai. A gerente então correu atrás de mim. Tentou me explicar que não podia adivinhar que eu tinha dinheiro para comprar a blusa. Não quis ouvi-la, não. Poxa, só porque sou negra não posso ter dinheiro? O preconceito existe, sim...
Cinthya Rachel, 18 anos, a Biba do castelo Rá-Tim-Bum
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Texto 2
Em março deste ano eu estava nas Lojas Americanas procurando um presente paras minha mãe, e carregava um caderno que ela havia comprado lá mesmo noutro dia. Ai chegou uma segurança e foi logo me acusando de roubo. Revistou minha bolsa e como não tinha a nota fiscal comigo, fui levada ao Juizado de Menores. Só quando minha mãe apareceu com o comprovante é que fui liberada.
Eu fiquei muito nervosa, nuca tinha sido acusada de roubo, e nem xingada por ser negra. Foi a minha mãe que fez me ver que isso era racismo. Ainda bem que não todo mundo assim racista. Eu tenho orgulho de ser negra estou feliz com a cor que Deus me deu.
Isabela Santos 14 anos, Salvador.
Isabela e sua mãe moveram uma ação contra a empresa por racismo. A juíza Maria Santiago condenou as Lojas Americanas a pagarem a Isabela 1 Milão de reais de indenização por danos morais.
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Texto 3
Desde os 12 anos, coloquei na minha cabeça que eu poderia me dar bem no futebol. Era um sonho, eu sabia. Então por segurança, estudava para ser torneiro mecânico. Enquanto eu vendia pasteis em feiras livres, meus dois irmãos capinavam o jardim dos vizinhos. Mamãe oferecia tapetes nas ruas e papai era gari da prefeitura. A vida era difícil refrigerante e frango, só aos domingos. Na escola, como eu não tinha dinheiro para comprar doces na hora da merenda meus amigos diziam: “Também seu pai é preto e lixeiro”. Até hoje me lembro de um garoto branco, o Marcos. Ele era muito rico para os nossos padrões, mas era o único que não se incomodava com a minha cor. Era o meu melhor amigo. Tocávamos as roupas e ele deixava eu usar a dele muito mais caras e bonitas do que as minhas. Eu nunca ia ás festas boas do meu bairro.Tinha medo da discriminação. Sei que os grã-finos me olhavam de maneira diferente, então procurava o povão em bailes funk. Tudo isso era triste para mim, mas a pior decepção foi quando me apaixonei pela a filha de um marinheiro. Ele na o admitia vê-la ao lado de um negro de cabelo black power. E esse racista arruinou tudo
Marcelo Pereira Surcin, o Marcelinho Carioca jogador de futebol
Xô, preconceito! Um desabafo de quem sente isso na pele
O
bom desse fervor todo em relação ao (in)Feliciano, a PEC das Domésticas
e a cantora Daniela Mercury ter assumido o seu relacionamento com outra
mulher (coisa que foi amplamente noticiada no carnaval, mas que as
pessoas acharam que era boato na época) é que a gente consegue pescar,
nos detalhes, o preconceito enraizado, os discursos homofóbicos e que o
racismo ainda existe de uma maneira cruel e velada.
Vez ou outra, me assusto de ver colegas jornalistas, blogueiros, comunicadores, formadores de opinião,
gente estudada, com posts tão preconceituosos...isso é tão triste!
Colegas que acham que tirar sarro de negros, gays, nordestinos,
mulheres, evangélicos, deficientes, etc., é a coisa mais engraçada do
mundo. Dei block em um monte de gente, outras parei de assinar o
conteúdo. Infelizmente, tem pessoas que surfam na onda, que não refletem
sobre o que curte ou compartilha nas redes sociais. Chega uma hora que
cansa, que parece que a gente está lutando contra o vento. Não se trata
de ser politicamente correto. É questão de bom senso. Respeito é bom e
todo mundo gosta.
Ontem,
por exemplo, aconteceu algo comigo que me incomodou. Pensei em não
escrever sobre o assunto, mas acho que vale a pena sim compartilhar para
as pessoas verem o quanto o preconceito ainda é latente em BH, no
Brasil, no mundo. Ao ir do meu bairro para o centro, dentro do ônibus,
uma adolescente entrou com a mãe. Havia só dois lugares, um na frente
do meu banco e a outra vaga no meu lado. A garota que deveria ter uns
13 anos disse em alto e bom tom: "mãe, não vou sentar perto desse cara
negro".
Eu
virei e disse: "quem disse que eu quero que você se sente no meu lado?
Você cala a sua boca que racismo é crime". A mãe tentou colocar panos
quentes, mas eu me exaltei e disse poucas e boas. A menina ficou de pé
até o centro com a cara emburrada, como seu eu fosse o errado da
história. Nem que se ela quisesse, eu ia deixar que ela se sentasse do
meu lado depois disso tudo. Fiquei nervoso. Mas o que mais me deixou com
raiva foi o fato é que essa menina, assim como outros jovens, receberam
essa educação racista, preconceituosa. Como mudar isso? São séculos de
enfrentamento contra esse tipo de preconceito, de crime, de ofensa
gratuita, e ver que esse tipo de atitude ainda existe me dá nojo!
Em meu facebook essa semana fiz uma crítica a forma de pensamento do nosso ilustre dep. Feliciano o presidente da Comissão de Direitos Humanos e até postei um vídeo de alguns passageiros fizeram uma paródia com a música robocop gay dos Mamonas em alusão a esse senhor, e fui criticado ao extremo, por não respeitar a opinião do pastor e servo do senhor, cara quer dizer que a opinião dele é mais correta que a minha?
Sou uma pessoa super calma, do bem, mas detesto injustiça. Não tenho sangue
de barata. Enquanto houver gente achando que ser de outra cor é ser
inferior, que meninos gostarem de meninos e meninas gostarem de meninas é
errado, que quem não segue determinada orientação religiosa é
amaldiçoado, a gente vai continuar passando por esse tipo de
intolerância, de preconceito. Chega! Gente, o mundo é diverso, plural. Tudo bem ser diferente! Vamos amar e ser feliz que isso é o mais importante. Ainda bem que somos iguais nas nossas diferenças. Como diria a Regina Casé: Xô, preconceito!
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